- É sua mãe que está ali?
- Sim.
- Era muito velha?
- Assim, assim - respondi, porque não sabia ao certo quantos anos tinha. Em seguida, calou-se.


[ Albert Camus | O Estrangeiro | página {20} ]

Naturalmente

À noite, Marie veio buscar-me e perguntou se eu queria casar-me com ela. Disse que tanto fazia, mas que se ela queria, poderíamos nos casar. Quis, então, saber se eu a amava. Respondi, como aliás já respondera uma vez, que isso nada queria dizer, mas que não a amava.
- Neste caso, por que casar-se comigo?
Expliquei que isso não tinha importância alguma e que, se ela o desejava, nós poderíamos casar. Era ela, aliás, quem o perguntava, e eu me contentava em dizer que sim. Observou, então, que o casamento era uma coisa séria.
- Não.
Ela se calou durante alguns instantes, olhando-me em silêncio. Depois, falou. Queria simplesmente saber se, partindo de outra mulher com a qual tivesse o mesmo relacionamento, eu teria aceitado a mesma proposta.
- Naturalmente.
Perguntou a si própria se me amava, mas eu nada podia saber sobre isso. Depois de outro instante de silêncio, murmurou que eu era uma pessoa estranha, que me amava certamente por isso mesmo, mas que talvez, um dia, pelos mesmos motivos eu a decepcionaria. Como ficasse calado, nada tendo a acrescentar, tomou-me o braço, sorrindo, e declarou que queria casar-se comigo. Respondi que sim, que o faríamos assim que ela quisesse.


[ Albert Camus | O Estrangeiro | páginas {45, 46} ]
Ele pretendia ir pra casa depois daquela cerveja, mas Rab MacKenzie entrou pela porta e mais histórias foram contadas e mais bebidas rolaram. Não, a bebida nunca questionava nada.

[ Irvine Welsh | As revelações picantes dos grandes chefs | página {48} ]